"O homem conseguiu dinheiro, mas quem quer ser rico cai em uma
tentação e em uma armadilha. As riquezas ganhas desonestamente, ou mal gastas,
ou acumuladas de forma egoísta, trazem consigo corrupção — não se trata de
corromper o ouro e a prata, mas corrompe o coração do homem, e o coração
corrupto é uma das coisas mais terríveis que o homem pode ter.
Ah, vejam esse amante do dinheiro, e notem os cuidados que lhe pesam no
coração. Há uma velhinha pobre, que mora perto do portão da casa de campo dele.
Ela recebe uma insignificância por semana, mas diz: "Bendito seja o
Senhor, tenho bastante!". Ela nunca pergunta como ela vai viver, ou como
ela vai morrer, ou como ela será enterrada, mas dorme docemente no travesseiro
do contentamento e da fé; e por outro lado, há esse miserável tolo com ouro
além da conta, mas se sente desgraçado porque caiu uma moedinha de prata do seu
bolso quando andava pelas ruas, ou que houve um apelo adicional à sua caridade,
que se sentiu obrigado a aceitar por causa da presença de algum amigo; ou
talvez gema porque seu casaco se desgasta cedo demais.
Depois disso, vem a avareza. Muitos tiveram de beber dessa taça; mas que
Deus salve cada um de nós das gotas fogosas. Um grande pregador americano
disse: "A cobiça gera grande desgraça. A vista de casas melhores que as
nossas, de roupas além do nosso alcance financeiro, de jóias mais caras do que
podemos usar, de equipagens nobres, de raras curiosidades além do nosso
alcance, tais coisas fazem nascer a ninhada dos pensamentos cobiçosos; é vexame
para os pobres, que gostariam de ser ricos; atormenta os ricos, que querem ser
mais ricos.
O cobiçoso lamenta ao ver prazer; está triste na presença de bom ânimo;
e a alegria do mundo é tristeza dele, porque toda a felicidade dos demais não
lhe pertence. Não me admira que Deus se aborrece dele. Deus inspeciona o
coração dele como se este fosse uma caverna cheia de aves imundas, ou um ninho
de cascavéis que chacoalham, e abomina a visão dos habitantes rastejantes ali.
Para o cobiçoso, a vida é um pesadelo, e Deus o deixa vir a braços com ela da
melhor maneira que conseguir.
Mamom pode edificar seu palácio em semelhante coração, e o Prazer pode
levar para lá todas as suas festanças, as Honrarias podem levar suas guirlandas
— mas tudo seria como o prazer em uma sepultura, e guirlandas em um túmulo.
Quando alguém se torna avarento, tudo o que possui é nada. "Mais,
mais, mais!", diz ele, como certos pobres coitados em uma febre terrível,
que exclamam: "Bebida, bebida, bebida!", e você lhes dá bebida, mas
depois de a beber, a sede aumenta. Como a sanguessuga, gritam: "Dá, dá,
dá!".
A avareza é uma loucura frenética que procura agarrar
o mundo inteiro nos braços, porém despreza a abundância já possuída. Essa é a
maldição que já levou muitos à morte; e alguns morrem com o saco de ouro nas
mãos, com olhares de angústia por não poderem levá-lo ao caixão, nem carregá-lo
para outro mundo".
O Banquete de Satanás - Sermão 225 - Charles H.
Spurgeon.
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